CHANEL Nº 5 - edição de aniversário
- Dra. Marcella Ribeiro
- 26 de jul. de 2021
- 3 min de leitura
Atualizado: 28 de jul. de 2021
Lançada em Maio de 1921, a criação aromática completa 100 (cem) anos de história este ano. Na presente "Pílula Jurídica de Fashion Law" apresentarei uma homenagem sobre o tema, caminhando com vocês sobre importantes pontos dessa história fantástica.
Em 1921, a estilista francesa Gabrielle Chanel decidiu empreender uma nova revolução para além do guarda-roupa feminino, com o lançamento da fragrância, contida em um frasco geométrico com rótulo bem simples em preto e branco.
Vamos ressaltar que, beleza, encanto, humor fino e manipulação são traços marcantes da renomada estilista. De acordo com ela "Moda que não chega à rua, não pode ser considerada como moda."
Chanel não foi a primeira costureira a criar a sua própria fragrância, mas ela revolucionou todo o conceito de forma tão extraordinária, que podia reivindicar como se fosse a primeira.
Antes do Nº5, os perfumes se baseavam em um único cheiro floral, intenso, e como se tivessem sido criados para encobrir um grave problema de mal odor. Além disso, eles tinham nomes complexos, exagerados e eram apresentados em vidros tão extravagantes que podiam, facilmente, ser confundidos com relíquias sagradas.
Um de seus amantes na época (o Grão-Duque Dimitri Pavlovich) a apresentou a um amigo, Ernest Beaux (imigrante russo fugido da Revolução Russa). O pai de Beaux tinha sido perfumista no Czar.
No verão, Chanel foi com sua amiga Colette garimpar antiguidades no Sul da França e foram conhecer a Fábrica de Perfumes Fragornard. Chanel ficou encantada e achando que precisava ter seu próprio perfume.
Um dos muito contatos de Misia, um outra amiga, lhe mostrou um documento que, supostamente, fora encontrado entre os papéis de Eugênie, a Imperatriz deposta, mulher de Napoleão III, chamado "O Segredo do Médici". O texto detalhava a fórmula, até então secreta, de uma água-de-colônia usada pelas rainhas Médici (e também por algumas cortesãs de alta classe), que garantia "uma pele maravilhosa e a cútis de uma jovem". Chanel se divertiu com as histórias e as duas amigas começaram a pensar em embalagens, inclusive em um vidro quadrado que parecia ter saído da farmácia, e não de uma fábrica de perfumes.
Chanel passava dias no laboratório de Beaux, cheirando as amostras de perfume de tal forma que, se fosse qualquer outra mulher, certamente ficaria nauseada com a quantidade de tempo passado naquele ambiente.
Ela gostou da ideia do perfume ser uma coisa construída, assim como um chapéu ou um vestido; bem como ficou maravilhada quando Beaux sugeriu o uso de moléculas sintéticas, que não só captavam o cheiro real, mas fixavam-o bem melhor.
Chanel não queria um cheiro de lírios ou rosas, ela queria um cheiro diferente, ousado, único, que remetesse a mulher moderna.
Quanto ao nome? Pode ter sido a quinta fórmula que Beaux lhe apresentou, pode ser o seu número da sorte, ou pode ser apenas para intrigar as pessoas (que estão intrigadas até hoje).
Assim nasce o Nº 5. Sua ida às prateleiras, foi totalmente inusitada, assim como a sua criação, em razão dela não ter já iniciado a produção de imediato, primeiro ela estudou a aceitação do mercado: Chanel deu pequenas amostras do Nº5 a suas "queridinhas", suas clientes fixas e privilegiadas, e ficou tão famoso que ela começou a produção para vender.
Na sequência, Chanel foi apresentada, em Longchamp, a dois irmãos que tinham uma fábrica, Pierre e Paul, donos da Le Perfumeries Bourjois, a maior companhia de perfumes da França.
Chanel subestimou Pierre (seu futuro amante, sócio e grande adversário também) e fez um trato com ele em que 10% (dez por cento) seriam dela, com relação aos royalties do seu perfume, e, em contrapartida, ela não queria ser incomodada na sua casa de moda. Foram intermináveis disputas legais no futuro sobre os direitos de Chanel sobre o Nº5, em razão desse Contrato assinado pela nossa estilista em que nada a favorecia, de fato. Referido Contrato e disputas no Judiciário sobre os royalties do perfume são bases de estudo no Fashion Law.
Em 1952, a atriz Marilyn Monroe declarou que usava para dormir apenas cinco gotas do Chanel Nº5. E assim, enalteceu mais ainda a "febre" do Nº5 para as mulheres.
Dra. Marcella Ribeiro




Comentários