PRADA - edição de aniversário
- Dra. Marcella Ribeiro
- 18 de ago. de 2021
- 3 min de leitura
Atualizado: 5 de set. de 2021
A marca fundada há quase um século, em Milão, em uma loja da Galleria Vittorio Emanuele tornou-se sinônimo de um universo conceitual mais amplo: o estilo e a poderosa imagem, construída com o tempo, fez com que se iniciasse um autêntico fenômeno cultural.
A união de Miuccia Prada e Patrizio Bertelli deu origem ao universo Prada como é hoje (grife, crescimento em negócios, sucesso nas passarelas, novos espaços para as artes, o desafio com arquiteturas futuristas e até nos esportes: nos espetaculares duelos de regatas.
Tudo começa em 1913, quando o senhor Mario Prada, avó de Miuccia, junto ao irmão Martino, inaugura na Galleria Vittorio Emanuele uma elegante butique com o nome "Fratelli Prada". Depois, o épico encontro de Miuccia com Bertelli, em 1977, em que a jovem foi ver um estande em que, assim lhe disseram, estavam expostas algumas bolsas muito parecidas com as que se encontravam na vitrine de sua loja, as do comerciante/empresário Bertelli. Ela, à primeira vista, o achou arrogante; ele a considerou extremamente esnobe e, assim, se dá o encontro de duas inteligências diferentes, de duas extraordinárias concepções do próprio ego e de dois "notáveis narizes".
Miuccia: a criadora, a estilista, olhar certeiro para o novo, o ousado, o chic. Seu ponto fraco, o orgulho. Um trecho do livro "Vita Prada", de Gian Luigi Paracchini, que descreve traços da personalidade da estilista: "Ainda hoje, algumas vezes, brincamos de boneca. Inventamos looks, provando as roupas até as duas horas da manhã", diz a estilista sobre uma amiga; "Eu e muitas mulheres queremos ser várias coisas diferentes e viver muitas vidas diferentes. Quero ser mãe e, possivelmente, também amante. Então devo aceitar compromissos: talvez seja feio dizer, mas acho que é esse o segredo para ser feliz."
Bertelli: o comerciante, o empresário, o CEO da Prada, que com o seu ímpeto vendedor convenceu a mulher de sair da loja apenas em Milão, expandiu as vendas da marca e incentivou Miuccia a criar roupas e demais acessórios. Seu ponto fraco, seu jeito explosivo (antes da inauguração da Miu Miu em NY, por exemplo, ele quebrou todos os espelhos da loja, porque as clientes se sentiriam horríveis se olhassem ali; os espelhos foram trocados e a inauguração foi um sucesso).
Seus pontos fracos se somam no orgulho da estilista, que dá à marca sua cara, seu estilo próprio e, tão cobiçado, e na explosão empresarial, que faz com que a marca seja tão única.
O casal virou uma família e isso impõe - principalmente à Miuccia - algumas renúncias inevitáveis. Eles têm dois filhos e são completamente apaixonados por eles. Bertelli é o típico "paizão" e muitas vezes o casal trabalha de casa ou se reveza na empresa.
Outra citação do livro "Vita Prada", de Gian Luigi Paracchini, em que o casal descreve a vida a dois: "Afinal das contas", contou Miuccia - que afirmou ser uma santa no amor - "existem mais coisas positivas que negativas. Nunca fico entediada e nos respeitamos muito. Procuro analisar meus sentimentos em relação à minha vida e ao meu casamento. Sempre me pergunto se está tudo bem. Se tudo está do jeito que eu gostaria que estivesse. E a verdade é que às vezes eu o odeio e tenho vontade de matá-lo. Mas, à noite, quando voltamos para casa, fico sempre contente." E Patrizio: "Com certeza, às vezes não concordamos, mas nunca sobre coisas fundamentais, sobre as coisas que contam. Nosso relacionamento é muito sólido. Sou muito instintivo, frequentemente saio da rotina, ela é mais reflexiva, tímida. Construímos a empresa, trabalhamos diariamente e tiramos férias juntos. Quantas pessoas estariam tão contentes de passar tantas horas do dia, por quase trinta anos, junto a própria mulher? Se bem que a vida profissional nunca deve se misturar à vida amorosa. Um dos motivos por termos aguentado tanto tempo é que nunca levamos trabalho para casa."
Fruto do casal temos também a Fondazione Prada, dimensão pública da Arte by Prada, ou seja, aquele escolhida, organizada e exibida pelo casal; o Luna Rossa, barco italiano cujo nome evoca simpáticas e musicais sonoridades italianas e é um nome em perfeita sintonia com a Linea Rossa, coleção esportiva high-tech da Prada, em que Bertelli brilhou em torneios de regata; as marcas Miu Miu, Church e Car Shoe.
No entanto, a Prada não faz parte de nenhum conglomerado econômico. A Prada é o casal Prada-Bertelli, que deu origem a marca como é hoje, que cuida de perto de del perto dela, como fruto de tanto amor. Recentemente, a Prada até adquiriu a marca Fendi, mas se viu obrigada a vender para o grupo LVMH, a fim de reduzir seus débitos.
Assim, trago a história dessa importante marca para um artigo de Fashion Law. Quando estudamos Fashion Law, temos que estudar as importantes marcas, suas histórias, para entendermos o motivo delas terem se tornado tão importante. A Prada (particularmente, minha marca preferida) tem uma história encantadora, que deve ser contada e estudada.
Dra. Marcella Ribeiro




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