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VICTORIA'S SECRET

  • Dra. Marcella Ribeiro
  • 17 de ago. de 2021
  • 3 min de leitura

A Victoria's Secret surgiu na década de 70 e, na década anterior, estávamos passando por uma revolução sexual feminina, com o surgimento da pílula anticoncepcional. Era empoderador e sensual ter domínio sobre o seu próprio corpo. Assim, chega a marca no mercado, a primeira a vender lingerie tão abertamente e possuir lojas especificamente de roupas íntimas femininas.

No entanto, após estudo do momento em que marcas repensam sua imagem e entendem que suas estratégias precisam ser mais inclusivas, a estratégia da grife de lingerie Victoria's Secret de encher a passarela com suas famosas Angels - modelos magras e que não representam a maior parcela das mulheres - ficou antiquada e passou a ser fortemente criticada nas mídias e redes sociais.

Ser anunciado o encerramento do show, em 2019, representou o fim de uma era: o evento acontecia anualmente desde 1995 e, ao longo do tempo, se transformou no maior acontecimento do business. Ser eleita uma Angel era o ápice da carreira de uma modelo e esta imagem foi importante para construção da marca.

A marca, no entanto, já vinha sendo amplamente criticada pela ausência de diversidade na passarela. Enquanto novas grifes de lingerie como a Savage x Fenty, comandada por Rihanna, celebram todos os tipos de mulheres e corpos, a Victoria's Secret seguia presa ao seu próprio padrão de beleza, completamente ultrapassado.

Edward Razek, diretor de marketing da L. Brands (grupo formado pela Victoria's Secret, pela PINK e pela Bath & Body Works), comentou: - Não, não acho que devemos ter modelos plus size e transsexuais.

Perguntaram: - Bem, por que não?

Respondeu o diretor: - Porque o show é uma fantasia. É um especial de entreterimento de 42 (quarenta e dois) minutos.

A polêmica declaração do diretor é o retrato perfeito de que Victoria's Secret não tem olhado para o mundo ao seu redor e resta presa a seu antigo case de sucesso, que ficou ultrapassado. O desfile fazia sentido em uma época que a moda valorizada um único padrão de beleza. Mas, finalmente, a indústria mudou. Estamos vivendo em um novo momento, que celebra a diversidade, a personalidade, mulheres e homens reais. O consumidor passou a ter voz ativíssima e nada mais é imposto a ele.

Não só a queda da audiência, sofrida nos últimos anos do desfile, mas o descontentamento com a marca já podia ser observado também nas vendas: em 2018, as ações da L. Brands caíram 41% (quarenta e um por cento) devido à desaceleração das vendas na Victoria's Secret. O problema vai muito além do desfile em si.

Ainda, nos dias atuais, é possível entrar na loja da Victoria's Secret (que possui mais de mil endereços espalhados pelo mundo) e não encontrar uma lingerie que sirva uma manequim plus size.

O mundo mudou e a Victoria's Secret se afundou no próprio case que criou.

Gosto de relacionar a temática com a nossa Constituição Federal de 1988, inciso III, artigo 1º:

"A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: (...) III - A dignidade da pessoa humana."

Resta claro que se deve observar que todos possuem os mesmos direitos e podem, ou melhor, devem ocupar qualquer lugar do país em que queiram estar, sem discriminação.

O respeito a Constituição Federal, aos Direitos Humanos e ao Consumidor são pontos que devem ser observados pela marca, para que ela possa voltar a ganhar espaço no novo cenário da moda que temos hoje.


Dra. Marcella Ribeiro


 
 
 

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